segunda-feira, 18 de maio de 2009

Bullying: o que é?


O "Bullying" é um termo de origem inglesa, que significa a agressão física ou psicológica, de forma intencional, praticada repetidamente por um aluno ou grupo de alunos sobre um colega ou grupo de alunos mais frágil.
Trata-se de um comportamento que assenta numa relação desigual de poder entre os intervenientes; ocorre repetidamente e de uma forma hostil e os alunos considerados alvos têm, normalmente, uma ou outra característica que os diferencia dos demais (usam óculos, são obesos, são os melhores ou os piores da turma, vestem ou pensam de maneira diferente, entre muitos outros motivos).
Entre as crianças e os jovens, o “bullying” pode assumir proporções graves e reflectir-se num comportamento anti-social com consequências muito sérias para o futuro, quer para os alunos agressores quer para os alunos agredidos.

Os diferentes tipos de Bullying

O "bullying" pode ser classificado de duas formas: o direto, através de violência física e o indireto, através de agressão moral.

As crianças e jovens alvos de "bullying" são sucessivamente colocadas pelo aluno agressor em situações embaraçosas e são vítimas de alcunhas ofensivas, ameaças, discriminação, isolamento e exclusão grupal, perseguição, assédio, humilhação verbal, roubos e, por vezes, agressão física e vandalismo ou destruição dos seus bens (livros, roupas e outros pertences).

Um outro tipo recente de "bullying" é o "cyber-bullying". Neste caso, são utilizadas as novas tecnologias da informação para insultar e intimidar, tais como, mensagens electrónicas a colegas com o intuito de os difamar e intimidar, através de mensagens via celular, MSN, Orkut ou qualquer outra mídia.

Os efeitos diretos do "bullying" nas escolas

O sexo masculino é o mais propenso ao "bullying", especialmente ao direto, Porém, este problema também afeta as meninas, usualmente através de práticas de difamação e exclusão de grupos.

O "bullying" ocorre mais facilmente em escolas com uma deficiente supervisão por parte dos adultos, seja pelo número insuficiente de auxiliares de educação ou pelo excesso de alunos, e em escolas onde não há um devido acompanhamento lúdico e cultural nos intervalos e tempos livres.
Quando os alunos agressores têm condições para continuar a exercer o seu poder, todos os outros acabam por ser, direta ou indiretamente, afetados. A ansiedade e o medo acentuam-se genericamente, quando os comportamentos agressivos não trazem quaisquer consequências para os alunos que os praticam.
A falta de preparação das escolas para estes casos é problemática, Os professores assistem, muitas vezes, a atos de violência de origem pouco perceptível, que acabam por ser resolvidos com castigos a ambas as partes envolvidas. O aluno, considerado vítima, é punido por distúrbios que não causou e sente-se, geralmente, injustiçado podendo mais tarde também ele vir a ser o causador de novos distúrbios.

Principais características dos alunos envolvidos no "bullying"

Além da predisposição genética para a agressividade, algumas condições familiares podem favorecer o desenvolvimento da violência nas crianças e jovens. Os autores de "bullying" são, normalmente, alunos pertencentes por vezes a famílias com um relacionamento afetivo desequilibrado, onde os pais afirmam a sua superioridade através de comportamentos agressivos, verbais ou físicos, ou têm excesso de tolerância e permissividade na educação dos seus filhos.
Se não forem desencorajados, os alunos causadores de "bullying" poderão manter esse comportamento ao longo de toda a sua vida, seja em ambiente doméstico ou profissional, tornando-se indivíduos anti-sociais, violentos e, por vezes, criminosos.

As vítimas de bullying

Os alunos vítimas de "bullying" são, geralmente, jovens tímidos, inseguros e sem recursos físicos para se defenderem. Consequentemente, poderão baixar o desempenho escolar e tentar evitar a escola, abandonando-a precocemente. Em casos mais graves, chegam mesmo a entrar em estados depressivos.
Há ainda os alunos que são testemunhas de "bullying", que assistem e convivem com esse tipo de violência entre colegas, mas que evitam falar sobre o problema, sob pena de poderem ser as próximas vítimas, ou então porque não acreditam na capacidade da escola para intervir. Apesar de não sofrerem directamente as agressões, podem sentir-se incomodados e inseguros perante o sofrimento dos seus colegas (vítimas), o que também pode ser motivo de transtorno psicológico.

Principais consequências

Os alunos vítimas de "bullying" podem reagir de formas diferentes, consoante a sua personalidade e os seus relacionamentos familiares e sociais. Alguns, poderão não superar os traumas sofridos na escola e crescer com sentimentos negativos em relação a si próprios. Em idade adulta, poderão sentir dificuldades de relacionamento e até acabar por adotar um comportamento agressivo sobre alguém que considerem mais frágil. Alguns casos extremos podem, inclusivamente, conduzir ao suicídio.

Como saber se o seu educando pratica ou é vítima de bullying

É difícil ter essa percepção, a não ser que o seu educando relate os acontecimentos ocorridos na escola. A maior parte dos atos de bullying ocorre na ausência de adultos e, muitas vezes, de forma dissimulada. A maior parte das vítimas não fala sobre a situação com os professores ou os pais/encarregados de educação, acabando por encarar a escola como um local de perigo e não de aprendizagem.


É muito importante que os pais se mantenham informados sobre o Bullying para poder identificar e saber como agir caso seu filho esteja sendo vítima dele.
Não esperem que seu filho(a) venha lhe dizer que está sofrendo Bullying na escola porque quem sofre o Bullying se mantém calado por intimidação, porém a mudança de comportamento é o primeiro sintoma da existência da prática do Bullying.

Ninguém está livre de ser vitima de Bullying, por isso leia algumas orientações extraídas do livro “Crianças e Adolescentes Seguros” da Sociedade Brasileira de Pediatria, editado pelo Publifolha

- se suspeitar que seu filho está sofrendo bullying, pergunte diretamente a ele
- fique atento aos possíveis sinais e sintomas
- faça um registro diário dos incidentes
- afirme com confiança, quantas vezes for necessário, que você ama a criança e que ela não é culpada por sofrer bullying
- não concorde com o pedido de manter o bullying em segredo
- converse com a direção ou professor se o bullying estiver acontecendo na escola
- ajude seu filho a praticar estratégias de defesa, como gritar "não" e retirar-se do local com confiança
- dê a seu filho a chance de expressar seus sentimentos sobre o problema
- reúna-se com outros pais e discutam o que pode ser feito para cessar o bullying
- crie condições para encontrar-se com o filho, no caso de o bullying ocorrer a caminho da escola
- peça para que o(s) autor(es) seja(m) retido(s) na escola, para que seu filho tenha a chance de chegar em casa em segurança
- pergunte a seu filho se ele gostaria de ter aulas de defesa pessoal, caso você entenda que isso possa ajudá-lo em sua autoconfiança
- verifique se seu filho está tendo atitudes que provoquem a ira do autor
- incentive seu filho a convidar um colega para ir a sua casa, criando novas amizades
- se precisar de ajuda, entre em contato com profissionais ou instituições especializadas

Um comentário:

Rosangila R. Takemoto disse...

Convivo com essa realidade de bullyng na escola onde trabalho...sempre quando presencio atos e palavras relacionados ao bullying chamo as partes envolvidas para uma calma conversa.Nem sempre resolve. Mas ameniza, ajuda e contribui para que o aluno agressor reflita sobre seus atos e palavras. O texto publicado está me ajudando muito...Cidinha muito obrigada. Parabéns pelo excelente texto. Um abraço!!!